segunda-feira, 16 de maio de 2011

Entrevista - João Vitor Braga


Uma primeira entrevista, mostrando como realmente funcionam algumas cosias dentro da arte da rua.


Nome?
João Vitor Braga

Idade?
22 anos

Onde mora?
Belo Horizonte MG

Desde que ano você está envolvido com arte urbana?
Desde setembro de 2007.

Que motivo o fez buscar o graffiti?
Eu já era envolvido com o hip-hop, dançava break e conhecia alguns amigos dentro da cultura que graffitavam, quando houve uma oportunidade, eu comecei.

O que você assina?
Meu sobrenome, BRAGA

Por que resolveu escolher esse nome?
Porque era meu “nome de guerra” no serviço militar obrigatório.

Assina em crew? Qual e o que significa?
YK significa yakuza.

Sofre ou já sofreu algum tipo de preconceito por ser graffiteiro?
Sim. Já fui chamado de várias coisas, que variam de artista a vagabundo.

Como foi o processo de evolução para seu estilo, quais são suas inspirações em seus trabalhos?

O processo de evolução começou com os primeiros trampos, onde eu fazia personagens. Com isto, consegui destreza com o uso de spray. Depois passei para letras, onde tive a influência de grandes artistas do exterior, tais como: DARE, DOESONE, etc.

E influências fora do graffiti?
Leio muitas Histórias em Quadrinhos.

Pra você, o que é graffiti?
Amizade! Ou mesmo um jeito de “mostrar que estou aqui”, mostrar que eu existo.

E arte?
Arte pelo que vejo, pode ser qualquer coisa, uma maneira de se expressar.

Trilha sonora inspiradora?
Gangsta rap nacional, mas também costumo ouvir um pagodinho, ou mesmo um sambinha.

Você acha que hoje em dia existe união de grafiteiros entre si? E pichadores e grafiteiros, por exemplo? Acha que há limitações de alguns pontos de vista ou aspectos?
Olha não vejo união entre muitos graffiteiros, há meio que um preconceito. Muita gente só pinta com os amigos, e se aparece uma pessoa diferente entre eles...
Mas há exceções.
Agora graffiteiro e pichador... A meu ver não combinam. As divergências são que: Os graffiteiros tem preconceito para com os pichadores por fazerem algo fora da lei. Já os pichadores têm preconceito para com os graffiteiros por fazerem algo autorizado.

Desde que você começou, até agora, o que mais mudou e o que continua na arte de rua, em sua opinião?
Acessibilidade a material de boa qualidade (spray).

É possível viver da sua arte, ou você tem que batalhar por fora também?
É possível sim, mas com certeza, no entanto prefiro trabalhar com outras coisas (como a informática, que é outra paixão que tenho)

Como imagina o graffiti daqui dez anos?
A qualidade dos trampos irá aumentar, com certeza. 

Graffiteiros assim como pichadores pintam em muros sem autorização?
Sim, há pouco tempo, uns famosos foram presos em São Paulo por conta disso. Costumava pintar em lugares não autorizados, mas hoje é raro.

Faz mais em autorizados porque não concorda com essa coisa de “invadir” uma propriedade do outro?
Comente sobre isso.

Faço mais em local autorizado pois não tenho mais idade para assinar  nada como crime ambiental não. É so por questão de idade mesmo, necessito ter ficha limpa. Sobre invadir propriedade alheia, sei lá, se a pessoa tem um muro sujo, cheio de "rabiscos", etc, que mal tem?!
                                     
Mas não acha meio que uma invasão ao espaço do outro?

Pra falar a verdade, vi uma reportagem em um jornal on-line (não me lembro o nome), onde dizia que ninguem é obrigado a ver a nossa "arte". Concordo plenamente com isto, ninguem é obrigado a apreciar aquilo que não gosta, muito menos, ter o que "odeia" em seu muro. Mas fazer o que? Quando ninguém deixa a gente pintar em lugar nenhum, a gente pinta assim mesmo.
Ainda acho que tem coisas PIORES para as pessoas se preocuparem, do que nosso estilo de vida. Este assunto é polemico!
Meio que é assim, a gente sabe que tá fazendo errado, mas gostamos tanto que a gente nem liga pra opinião dos proprietários. É complicado.

Como vê o graffiti no Brasil?
Tem muito que ser feito, dito e debatido.

E fora do Brasil?
Muitos trabalhos de uma qualidade extraordinária.

Segue algum tipo de estilo?

Freestyle e wildstyle.

O que você diria para os que estão começando agora?
Respeito e dedicação. Essas duas palavras, quando seguidas levam você longe.

E o que diria para quem lê esta entrevista?
Sei lá, diria que pra quem conhece o graffiti, respeitá-lo. E pra quem não o conhece, procurar conhecer, antes de criticá-lo.

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